LÍNGUA PORTUGUESA 2ª SEMANA - LEONARDO TRAJANO

 

Secretaria Municipal de Educação, Ciências e Tecnologia
Projeto Professores e Alunos Conectados

 

EEF DALVA PONTES DA ROCHA

Componente Curricular: Língua Portuguesa

Professor: Leonardo Carrá Trajano

Objeto do conhecimento: Leitura (Ler, de forma autônoma, e compreender — selecionando procedimentos e estratégias de leitura adequadas a diferentes objetivos e levando em conta características dos gêneros)

Habilidades: (EF67LP28)

 

(9º ano)

Semana: 02 (18/02 a 19/02)

Aluno (a):

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Crônica

O que é crônica?

A crônica é um gênero textual caracterizado por textos curtos, de linguagem simples e que retrata os aspectos da vida cotidiana, geralmente com toques de humor ou ironia.

Publicadas em jornais e revistas, as crônicas são um gênero textual que está entre o estilo jornalístico e o literário e que tem como ponto de partida os acontecimentos daquele tempo e lugar.

O cronista busca inspiração para os seus textos nos acontecimentos recentes ou em situações banais do cotidiano e convida o leitor a olhar para o mundo como ele.

Esse estilo literário começou a se desenvolver no Brasil em meados do século XIX, juntamente com o nascimento da imprensa no país. Dentre os primeiros cronistas brasileiros estão Machado de Assis e José de Alencar.

O nome crônica, no entanto, já era usado para designar outro estilo de literatura desde o século XV. Na Europa medieval e renascentista, as crônicas eram textos que faziam relatos dos fatos históricos.

A palavra "chronica", em latim, faz referência ao tempo, à cronologia. Esses textos relatavam de maneira cronológica grandes acontecimentos, como conquistas territoriais e as grandes descobertas.

 

 

O texto a seguir é uma crônica. Leia, divirta-se e em seguida responda as seguintes quentões.

 

 

A estranha passageira

 

– O senhor sabe? É a primeira vez que eu viajo de avião. Estou com zero hora de vôo – e riu nervosinha, coitada.

Depois pediu que eu me sentasse ao seu lado, pois me achava muito calmo e isto iria fazer-lhe bem. Lá se ia a oportunidade de ler o romance policial que eu comprara no aeroporto, para me distrair na viagem. Suspirei e fiz o bacano respondendo que estava às suas ordens.

Madama entrou no avião sobraçando um monte de embrulhos, que segurava desajeitadamente. Gorda como era, custou a se encaixar na poltrona e a arrumar todos aqueles pacotes. Depois não sabia como amarrar o cinto e eu tive que realizar essa operação em sua farta cintura.

Afinal estava ali pronta para viajar. Os outros passageiros estavam já se divertindo às minhas custas, a zombar do meu embaraço ante as perguntas que aquela senhora me fazia aos berros, como se estivesse em sua casa, entre pessoas íntimas. A coisa foi ficando ridícula.

– Para que esse saquinho aqui? – foi a pergunta que fez, num tom de voz que parecia que ela estava no Rio e eu em São Paulo.

– É para a senhora usar em caso de necessidade – respondi baixinho.

Tenho certeza de que ninguém ouviu minha resposta, mas todos adivinharam qual foi, porque ela arregalou os olhos e exclamou:

– Uai... as necessidades neste saquinho? No avião não tem banheiro?

Alguns passageiros riram, outros – por fineza – fingiram ignorar o lamentável equívoco da incômoda passageira de primeira viagem. Mas ela era um azougue (embora com tantas carnes parecesse um açougue) e não parava de badalar. Olhava para trás, olhava para cima, mexia na poltrona e quase levou um tombo, quando puxou a alavanca e empurrou o encosto com força, caindo para trás e esparramando embrulhos para todos os lados.

O comandante já esquentara os motores e a aeronave estava parada, esperando ordens para ganhar a pista de decolagem. Percebi que minha vizinha de banco apertava os olhos e lia qualquer coisa. Logo veio a pergunta:

– Quem é essa tal de emergência que tem uma porta só para ela?

Expliquei que emergência não era ninguém, a porta é que era de emergência, isto é, em caso de necessidade, saía-se por ela.

Madama sossegou e os outros passageiros já estavam conformados com o término do “show”. Mesmo os que mais se divertiam com ele resolveram abrir os jornais, revistas ou se acomodarem para tirar uma pestana durante a viagem.

Foi quando madama deu o último vexame. Olhou pela janela (ela pedira para ficar do lado da janela para ver a paisagem) e gritou:

– Puxa vida!!!

Todos olharam para ela, inclusive eu. Madama apontou para a janela e disse:

– Olha lá embaixo.

Eu olhei. E ela acrescentou: – Como nós estamos voando alto, moço. Olha só... o pessoal lá embaixo até parece formiga. Suspirei e lasquei:

– Minha senhora, aquilo são formigas mesmo. O avião ainda não levantou vôo.

 

Preta, Stanislaw Ponte. Garoto linha dura. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1975.

 

01. O narrador participa dos acontecimentos ou é um mero observador? E como podemos descrever o cenário dessa narrativa?

 

02. Pense nas características do narrador e nas características da passageira e dê um nome para cada um.

03. As atitudes da passageira impediram o narrador de realizar o que tinha planejado para o tempo de vôo. Explique o que o narrador deixou de fazer.

 

04. Vimos que uma das características dos textos humorísticos é a confusão de uma coisa com outra, ou seja, um personagem diz algo que é entendido de maneira diferente por outro, gerando, assim, uma situações engraçada. Releia algumas falas do texto e, a seguir comente seu efeito humorístico.

 

·  – Para que esse saquinho aqui? – foi a pergunta que fez, num tom de voz que parecia que ela estava no Rio e eu em São Paulo.

·  – Uai... as necessidades neste saquinho? No avião não tem banheiro?

 

05. Emergência também é um personagem da história? Explique sua resposta.

 

06. Transcreva duas passagens do texto que demonstrem que a mulher falava alto.

 

07. Damos o nome de trocadilho ao jogo de palavras parecidas no som, mas que têm significado diferente. No texto, o autor utiliza um trocadilho. Copie-o e explique com que intenção ele o empregou.

 

08. Em certa passagem do texto, o narrador nos conta que a passageira “deu o último vexame”. Explique qual foi o vexame. Se foi o último, significa que a passageira já tinha dado outros vexames. Comente alguns deles.

 

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